Como fazer ressoar através de palavras
a voz da nossa alma?
Com olhos de paisagista atingimos a contemplação...
Absorvemos o que não se dissolve...
Ultrapassamos fronteiras...
Abrimos um canal celestial...
Transformamos-nos num monge...
Com a habilidade da paciência...
Esperamos a chegada da inspiração...
Num retiro desigual...
Sentimos o coração...
Aprendemos com a solidão...
Chega à vez do cantor...
Que sente a melodia no ar...
Começa a chorar antes de dançar...
Sentindo que temos de comemorar...
Preenchidos de intensidades...
Elevamos os nossos gritos ao silêncio...
Que revelam o caráter e o querer viver...
E como simples jardineiros...
Que cultivam lembranças...
Adubam retratos...
Para que nasçam esperanças...
E não se sente um artista...
Não gosta de luzes nem de pista...
Prefere está espiando...
É feito de um amontoado de sensibilidades...
O que busca é só qualidade...
A voz da alma...
É uma energia que chega e é absorvida...
Dá-nos vida...
É uma sensação com dimensão infinita...
Tem o poder de concentração e imaginação...
Vislumbramos e criamos o desejado...
Evocamos o mundo do amor e das alegrias...
Como também descrevemos a dor e a agonia...
Somos pintores das frágeis telas em branco...
Criamos a ilusão do espaço só nosso...
Revelando a dimensão da nossa alma...
Dando vida as palavras...
Pintadas com as cores dos nossos sentimentos...
O poeta não é um inventor...
É simplesmente um inovador...
De palavras que representam...
A sua alegria ou a sua dor...