domingo, 7 de setembro de 2008

Onde estava você... 30 anos atrás? ...




Onde os sonhos nasciam...
Onde os desejos cresciam...
Onde a irreverência era grande...
Onde a liberdade de amar tinha bandeira...

Onde ainda não se tinha história...
Tudo se fazia demora...
Onde a presa era desejo...
Onde se tinha cortejo...

Onde você estava?

Que eu olhava o céu a tua procura...
Sem direção... sem noção...
Sendo comandada pelo meu coração...
Na esperança de te encontrar...

Paixões surgiam... rápido, desapareciam...
Fazia-me desanimar...
Eu continuava a querer te encontrar...
Não sabendo onde te achar...

Onde você estava?

Eu dominava o Porto da Barra...
Nos dias de sábado...
Tinha hora pra chegar...
Mas não hora de me ausentar...

Encontrei Caetano cabeludo...
Gil com a sua diplomacia... tudo ria...
Beiby com sua irreverência...
Sem ligar pra decência...

De longe eu os observava...
Eles me viam... deviam admirar...
Pois em instantes todos me viam jogar...
Meu fescobol era diferente...
Agressivo... violento...
Só homens poderiam compartilhar...

Com o sol como testemunha...
Sem tempo pra acabar...
Passava o dia a jogar...
Sem nada a me interrogar...

Em tempos bebia uma coca...
E comia um acarajé...
Respirava fundo...
E... mergulhava na maré...

Ali era meu mundo...
Independente... consciente...
Ninguém podia me tocar...
Só olhar...

Onde estava você?

Que cada dia mais eu queria te encontrar...
Falar do amor... sentir que podia amar...
Pensava tudo... mas a ninguém transmitia...
Eu sentia que você existia...

O sol... aos poucos se despedia...
Realizada... eu o admirava...
Não estava cansada...
Queria ali continuar...
Na esperança de te encontrar...

Olhava pros lados...
E todos se despediam...
O sol ria e me dizia...

_Estarei sempre aqui...
_Vá se divertir...
_Diga a minha amada...
_Que lhe proteja na noite...
_E quando pra ela olhar...
_Através de você...
_Vou sempre Amar...
_E... te pergunto...

_Onde ele está?

Eu ria e saia... sempre com esperanças...
De te encontrar...

Vivi o dia... e vivi a noite...
A tua procura...
Dancei pela vida...
Chorei as musicas...
Olhei as estrelas...
Conheci todas as constelações...

Andei acompanhada sem me sentir protegida...
Andei sozinha... chutei latas...
Tomei chuva... sentei nas calçadas...
Conversei com o povo das ruas...
Nunca tive medo...
Rir... contei piadas...

Apertei mãos... acalentei corações...
Me comovi... vivi dores... ouvi...
Sentir perigos... mas falei do Amor...
Pulei abismos... cuidei de mim...
E você não saia do meu coração...
Era uma paixão sem rosto...
Só gosto...

Onde você estava?

Que um dia destes...
Ou uma noite destas...
Não me encontrou...
Pra me arrebatar...
Tudo sentir... tudo falar...
Levar-me disso tudo...
E me amar...

E neste nosso caminhar...
Nossos filhos serem nossos...
É forte este sentir...
Mas é só um desejo...
De um sonho antigo...

Os sonhos permanecem...
Quando são fortes...
Mesmo o destino mudando...
A trajetória das vidas...

Que me perdoem todos que tiveram
participações nas nossas vidas...
Com respeito... e admiração em todas...
As ações e sentimentos...
Que fizeram as nossas...
Histórias...

Mas, meu sentimento é este!

Sou assim...
Não sinto pela metade!

Amar você...
Tem que ser total...


...

Um comentário:

Soluz disse...

.'.

Tia,

O sentimento é muito forte! Essa coisa do amor desconhecido, mas esperado, é uma força para nos mover em direções diversas. Tem a direção dos sonhos e também a das tormentas, tem a direção da paciência e também a dos rompantes belicosos. Ah, o amor...! Parece única força capaz de nos atirar, em fração de segundos, aos opostos de um mesmo plano.

Se os sentimentos do texto extrapolaram em tudo os limites da ficção, então espero que tenha encontrado "o esperado" e que nele haja não apenas força, mas também consciência das projeções inconscientemente realizadas pela alma da sonhadora e buscadora. E que das percepções brotem o terreno mais fértil à realização do intento de amar com felicidade.

Bênçãos!

'.'