segunda-feira, 30 de junho de 2008

A beleza entre ruínas ...



Esta foto foi um marco!

Véspera da implosão do Hotel Stella Maris - 1998...

Cheia de desilusões...
Encontrava-me neste instante acima de um
hotel recheado de dinamites... em ruínas,
abandonado pelos sonhos, pelo desprezo das
coerências, pela a corrida dos interesses...
Suas paredes foram sendo corroídas,
seus cômodos frios e escuros, só
alojavam corpos agredidos... sem mais vida!

Suas estruturas eram fortes...
Os anos sem carinho, não conseguiram...
Colocá-lo ao chão...

Para alguns, significava um paraíso, nas
suas viagens solitárias, estavam mais perto do céu,
deitados ou sentados na laje do sétimo andar...
sem ninguém a perturbar... ali, seus medos
eram sucumbidos e seus sonhos vividos!

Como o único pico da visão bonita, tendo o mar aberto
a sua frente e, ao outro lado a beleza criada pela natureza,
onde grãos de área uniram-se com o passar do tempo,
formando lindas dunas com suas vegetações peculiares...
Vistas a dez mil pés, parecem que,
Na Bahia não só tem alegrias...
Que nesta parte do litoral neva constantemente...
Nosso sol escaldante não as atinge, é a visão que nesta
terra, o frio não existe nos corações, é só um cartão postal!
E ele... continuava soberano na sua tristeza...

No dia seguinte, seus corredores dilacerados e fúnebres,
ecoando um caminho sem luz e sem volta, iriam virar
escombros, poeiras e o mar absorveria com seu silencio!
Era um desafio pra mim...
Pela primeira vez explorar seu interior, não mais teria a
chance de encontrar beleza onde só se enxergava tristeza!

Munida de duas maquinas fotográficas, vários filmes virgens,
coragem, água, determinação e o bater forte do meu coração...
Ultrapassei as barreiras de isolamento...
Autorização escrita... nenhum técnico poderia me impedir!
Levei também junto, meu filho, mostrando que nada
de errado poderia existir...

As dinamites tinham a hora certa para explodir...
Entre os homens e a tecnologia... tudo era a minha
filosofia, de explorar aquele perigo e mostrar pra
mim mesma que eu podia... que nesta vida não podemos
recuar de realizar um desejo...

Para cada degrau conquistado, tem que se olhar para chão,
Pisar entre as bananas, não deixar que fios coloridos
sejam enroscados a você, não abrir portas sem paredes...
nem chegar perto de buracos sem proteção...

Escalamos os sete andares do terror...
Sempre ensinei aos meus filhos que temos
que controlar nossos medos... que não existe
assombração... só temos muita imaginação!

Chegamos ao topo...
Como o escalar de uma grande montanha...
A beleza deslumbrou-se a nossa frente...
Saímos da escuridão... o sol estava poderoso,
majestoso como todos os tempos...
O mar me parecia bem maior do que eu imaginava...
Seu azul era mais azul, suas ondas brincavam
com mais alegria... beijando as areias com delicadeza,
espalhando a brancura da paz!
Na realidade, meu olhar chegava ao horizonte...
Onde meu barco estava com avarias...
Meus olhos logo percorreram os 360 graus...
Tudo ali era bonito... estavam a espera...
Do meu grito!!!

Não tinha pressa, eu queria imortalizar aquela visão...
Pegar os melhores ângulos... ir no mais distante desejo
e registrar toda aquela beleza com pureza...

Com sede... bebi água, como se bebe a vida!
Ouvir a canção do mar... quis ali ficar...
Impedir que todos os sonhos ali sentidos,
não virassem poeiras e pairassem pelo mar!

Me despedir... como a única que ali registrou...
A beleza entre ruínas... e seguir...
Seguir...
Passou a ser a minha sina...
Amar e falar do Amor...
Consertei meu barco... passei a plantar...
Regar... e dar cada dia uma Flor!

Uma flor para Você ...

Com AMOR!

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